Mickey 17: gostar ou não gostar?
- sarahvivian24
- 22 de mar.
- 3 min de leitura

Mickey 17, dirigido por Bong Joon-ho e lançado no Brasil em 6 de março , é uma tragicomédia distópica que acompanha o trabalho de um jovem que se candidatou a "Descartável" para uma missão de colonização espacial.
O longa traz diferentes versões de artistas que já conhecemos. Todos eles se apresentam de uma maneira inusitada para o grande público: para quem já assistiu filmes como Parasita (2019) e Mother – A busca pela verdade (2009), do mesmo diretor, pode esperar um filme com uma linguagem diferente, despojado e humorado a despeito dos temas trazidos, como clonagem, colonização, extermínio de espécies e líderes carismáticos asquerosos. Bong Joon-ho já não necessitava de explicações em suas obras, mas, em Mickey 17, elas são dispensadas de maneira explícita: as coisas são como são sem precisarem de um fundo filosófico denso.
Para quem conhece Robert Pattinson de Lembranças (2010) e Tenet (2020), o verá em um papel cômico e digno de um chacoalhão para realidade na maior parte da trama, mas também em um papel dono de si, inconsequente e que serve como contraparte perfeita para seu duplo bobo. Claro que nós, fãs da saga Crepúsculo, sempre soubemos de seu grande talento, mas é preciso reconhecer sua evolução dramática e o amadurecimento na escolha dos projetos. E, nesse longa, isso é ainda mais claro devido à possibilidade de comparar simultaneamente dois personagens distintos.
Quanto a Mark Ruffalo, quem assistiu a Pobres Criaturas (2023) consegue notar sua excelência em fazer com que papéis inverossímeis sejam completamente críveis por serem patéticos. O seu grande trabalho nessas duas últimas produções se deve justamente pela contraposição entre a ideia que temos dele, devido a seus trabalhos anteriores, e os presentes personagens de homens moralmente duvisosos, escalafobéticos e, em certo grau, odiosos.
Toni Collete, uma grande atriz de drama e de comédia, entrega um protótipo de primeira dama com hábitos "carnívoros" e uma obssessão por molhos – excentricidade a define. Ela também possui uma vasta carreira de entrega de diversas facetas, como O Sexto Sentido (1999), Pequena Miss Sunshine (2006), Hereditário (2018) e Mafia Mamma (2023): em Mickey 17, ela nos fornece ótimas cenas para rir de constragimento! Além disso, conta com outros atores incríveis, como Steve Yehun, Naomi Ackie, Cameron Britton e outros.
Mickey 17 é um filme de jornada, no qual Mickey Barnes está tentando descobrir quem é, uma vez que sua própria existência está em jogo a cada dia devido ao seu trabalho insalubre. A trama é acompanhada por sua narração e nos conta como ele foi levado a aceitar o trabalho como Descartável, a sua relação amorosa com Nasha e a maneira como ele se envolve com a espécie nativa de Niflheim – alusão ao mundo de gelo da mitologia nórdica.
A película é um Soft Scifi, que se preocupa menos em discutir as tecnologias e suas condições de possibilidade e dá mais ênfase em trazer para o centro as consequências que essa tecnologia possui na sociedade em questão. E tudo isso com um tom melodramático e estranho. Mesmo assim, se trata de um filme que nos convida a ser assistido em uma sala de cinema e que vale a pena pela experiência de bons efeitos especiais sem nos cansar ou parecer irreal, tudo em cena é possível. Talvez não seja o filme preferido do espectador que acompanha a filmografia de Bong Joon-ho, mas não pode ser considerado exatamente um filme ruim. Podemos dizer que é indefinível.



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